Nos dias que correm, a imagem é tudo. Todos querem chamar à atenção e todos gostam de ver a sua atenção seduzida.
Quando o Swami Dayananda veio a Portugal em 2008 nunca imaginei que tanta gente se juntasse para o ver e ouvir. Muitos vieram porque já tinham ouvido falar dele, afinal é o nosso Mestre, mas muitos outros apareceram porque era um Swami, alguém exótico vindo da Índia, vestido de Laranja e que renunciou a tudo. A aparência seduziu!
Por estes dias, vem a Portugal a Prof. Gloria Arieira. A Gloria não veste laranja, não vem da Índia, fala português como nós, vive numa cidade como nós, tem família como nós e é mais simples e discreta do que muitos de nós. Assim sendo, porque motivo me chamaria à atenção esta vinda? De facto, tirando a linda trança da Gloria não há nada de exótico nela… nada que puxe por mim. Será? Esperem até sentarem à frente dela e a ouvirem!
Para alguém que acha que a vida deve ter mais algum sentido para além de casar, comprar casa, ter filhos, fazer dinheiro, viajar e ter a última experiência, seja ela qual for, ouvir a Gloria é uma descoberta! E aqui a pessoa torce o nariz! Porque já nos desabituámos tanto da ideia de questionarmos a existência com um sentido realmente produtivo que não a do famoso queixume fatídico português. De tal forma que não levamos a sério a ideia de que alguém possa ter alguma coisa a dizer que possa mudar a forma como me vejo a mim, aos demais e ao mundo sem cair numa seita ou religiosidade estéril.
Obviamente a Gloria não é o nosso messias! Tampouco a Gloria inventou alguma coisa nova, mas transmite-nos a visão e o conhecimento que adquiriu do seu Mestre Swami Dayandanda, que por sua vez aprendeu do seu Mestre, numa linha ininterrupta de mestre e discípulo que remonta aos sábios da Índia antiga. Esse conhecimento dá um sentido a tudo, liberta-nos do sentido de carência e limitação recorrente que é inerente ao ser humano e permite-nos viver a vida verdadeiramente livre de qualquer pressão externa ou interna para ser diferente do que é.
Quando a Gloria começa a falar, a sua clareza é tocante, as suas palavras seguram-nos. Algumas pessoas que aprenderam com a Gloria nos últimos anos dizem-me que acham que ela fala cada vez melhor. Eu digo que nós é que entendemos cada vez melhor 🙂
Ouvir a Gloria e expor-se ao ensinamento é, de facto, um privilégio, mas pessoalmente o que ainda me toca mais é ouvir a Gloria responder a perguntas. É que nesse instante não há texto, não há intermediário, é a visão dela directamente sobre a nossa questão e tudo fica realmente claro.
Com sinceridade, para aqueles que ainda não a conheceram, desejo que se dêm a possibilidade de a ouvir. Aos que já a ouviram, não há muito a dizer, porque palavras são sempre parcas para descrever a admiração, respeito e agradecimento para com alguém que nos abre os olhos.
Obrigado à nossa Professora, obrigado Gloria, o nosso namaskara!