Esta manhã tive necessidade de adaptar a minha prática por causa de uma lesão, assim, a uma meia dúzia de posturas recuperativas acrescentei mais tempo de pranayama,meditação e canto. Quando cantava o Gurustotram, que raramente canto, fui invadida por uma enorme alegria por poder assumir o papel de aluna.
Tenho muita sorte pelos professores que fui encontrando neste percurso e agradeço profundamente a possibilidade de continuar a aprender e não deixar que o papel de professora faça sombra ao de aluna. Para além de participar regularmente em cursos e workshops não dispenso a prática regular (não tanto quanto tive oportunidade no passado) acompanhada por outro professor. É certo que nada substitui a prática pessoal mas, na minha opinião yoga e autodidactismo não cabem na mesma frase.
Céptica como sou tive a boa fortuna de ter como primeiro professor o Miguel, que me passou a confiança e segurança suficientes para que eu pudesse dar o beneficio da dúvida a esta “estranha” forma de vida. A partir daí foi sempre a somar bênçãos (ou punyam) – Pedro Kupfer, Tomas Zorzo, David Swenson Andres Wormull, , Manju Jois, Cláudia Villadelprat, Gloria Arieira, Swami Paramathananda, Ganga Mira e claro, a cereja no topo do bolo – o meu Mestre Swami Dayananda!
De todos e de cada um trouxe qualquer coisa. Do Miguel o respeito pela tradição, do Pedro a visão maravilhada do yogi, do Tomas o exemplo do compromisso com a prática diária, do Swenson a leveza, do Andres e do Manju uma visão mais ampla do Ashtanga, da Cláudia a paixão contagiante na hora de ensinar, da Gloria o maior exemplo de vida, do Swami Paramarthananda o significado de disciplina, da Ganga o vislumbre da liberdade e do Swamiji de entre tanta coisa “O valor dos valores”.
Quando me aproximo do altar seja em casa ou na escola, mesmo que não tenha tempo para a meditação faço o mantra para Ganesha, o meu mantra (dado pelo Swamiji) e sempre mas sempre o Guru mantra, com a intenção posta num profundo agradecimento e reconhecimento do quão precioso isto tudo é.
Por mais conhecimento que acumulemos ou por mais cursos que façamos nada dispensa o convívio com os professores que nos inspiram pois é também do seu dia a dia, das suas acções mais rotineiras, da forma como lidam com os obstáculos da vida que retiramos grandes lições. É também por isso que convidamos outros professores a virem ensinar à nossa casa. Chamamos aqueles com quem queremos aprender, juntando o útil ao agradável e beneficiando, não só daquilo que trazem para ensinar, mas também da sua companhia e presença, e isso não tem preço.
Para terminar apenas mais uma nota em relação ao Swami Dayananda. Quando nos entregamos aos pés de um Guru, quando efectivamente nos rendemos, nos expomos e confiamos, ele nunca mais desaparece. O Mahasamadhi do Swamiji em 2015 definitivamente não significou o seu desaparecimento da minha vida, ele está sentado na caverna do meu coração como o Atma descrito nas Upanishads.