Yoga Training - with Miguel Homem and guest teachers.
Sep 18 to Aug 20
Casa Ganapati, Porto
Fragmentos de uma prática matinal difícil…
Todo o praticante de yoga sabe que há dias e dias, nenhum dia é igual ao anterior. Se às vezes acordamos com a garra de um leão, outras é preciso uma grua para nos tirar da cama, se há dias em que o corpo está bem oleado e corresponde, outros parece que gerámos ferrugem nas articulações. Há ainda aqueles dias em que mentalmente temos uma enorme vontade de fazer tudo, mas parece que de alguma forma a comunicação entre o cérebro e o corpo falha e até damos por nós a pensar “de quem é este corpo? Isto não sou eu!”.
Hoje foi um desses dias, a prática custou! E não é que seja excepcional, muitas vezes a prática custa-me, o corpo não corresponde às expectativas da mente ou vice-versa, mas seja qual for a situação invariavelmente chego à mesma conclusão: não tenho um corpo excepcional para a prática, também não tenho o pior dos corpos, mas o problema está na minha mente e chama-se disciplina (ou falta dela)!
Desde pequena nunca levei nenhuma actividade muito a sério, experimentei um pouco de tudo e acabei sempre por desistir, na verdade, foi só no yoga que encontrei uma âncora, já lá vão pelo menos 16 anos. Ainda assim, durante muito tempo pratiquei com o foco apontado para aquilo que dava prazer e não necessariamente para o que precisava, escolhi sempre o caminho mais fácil. Foi na prática de Ashtanga Yoga que encontrei o primeiro grande desafio que ainda não superei mas que vou superando aos poucos – a questão da disciplina, da rotina, da tenacidade e da resiliência. Esta prática, e ainda que possa ser adaptada, não dá muita margem para nos encostarmos ao que é confortável, porque a sequência está definida e cedo ou tarde vamos esbarrar nalguma dificuldade e das duas uma: ou mandamos tudo às urtigas, ou vamos enfrentando!
É incrível como o Yoga como que por magia nos conduz exactamente ao ponto que precisamos de trabalhar, não no tapete, ou melhor também no tapete mas acima de tudo na vida. E sem dúvida que disciplina e resiliência são qualidades que eu preciso de trazer para a minha. Assim, na prática e na vida o meu Sankalpa ( a minha resolução interior) tem sido nesse sentido, e com a prática mas sobretudo com a visão do Yoga vou caminhando diariamente para a realização do meu sankalpa, e ainda que já tenha conquistado algum terreno há dias em que não consigo evitar os passos atrás, e ainda assim está tudo bem, está tudo na ordem.